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Mensagem  sandokas Seg Nov 23, 2009 9:03 pm

Nota:
Estes foram os combates que fiz para entrar no Coliseu do Ogame. O Coliseu do Ogame pode ser encontrado no fórum do jogo comercial baseado em browser ogame. Neste coliseu tenta-se fazer um jogo literário que junte a ficção científica e o coliseu romano. O estilo literário encorajado é Tom Clancy.
Para se entrar tem de se escrever um pequeno texto de combate treino que é avaliado segundo diversos critérios. São esses (meus) combates que reproduzo aqui:

Sandokas - Arena Preta

Sempre houve guerra. Desde os tempos primordiais que o homem luta entre si.
Ganância, malvadez, inveja, glória, sobrevivência, medo, honradez, cada um
luta por uma coisa diferente e nem sempre a razão pela qual se luta corresponde
àquela pela qual se diz lutar.

Se a paz é a ausência de guerra, porque razão a haveriamos de quebrar com a
desculpa de a achar? Que sacrifícios são feitos pelo bem maior! E se o bem maior
os pudesse dispensar?

Esta é a história de Sandokas, o peixe que não queria lutar.

Não é por acaso que lhe chamam arena negra. No seu tempo de repouso, não se conseguem
distinguir as suas formas. De tecnologia alienígena, desde há muito que os seus utilizadores
se esqueceram de tentar descobrir os seus segredos.

A arena é alimentada pelas ambições e
sentimentos daqueles que por ela passam. Transforma-se, adapta-se, e resplandece a cada luta
apenas para hibernar de seguida com um grito surdo, cheia de vácuo,
irradiando um brilho negro sem formas e vazia. Canta em silêncio, esperando a próxima
hecatombe, dominando-se e divertindo-se concentrada nas suas recordações. Ou assim
se poderia dizer se a arena fosse um ser vivo. E no entanto há dias que quase se juraria...

Resistir.

De negro não tinha nada. Brilhava como se a aurora se tratasse. Dois sois artificiais
projectavam-se como luzeiros sobre cada um dos cantos. Num deles, um ser com três pernas e
um tentáculo lançava-se em acrobacias intimidatórias. A multidão delirava e nem parecia
notar o pequeno peixe que no outro canto alienava-se da cena.

Resistir e não quebrar.

Pelo menos três das raças galácticas costumavam estar representadas nas escravas que se
deixavam passear pela arena nos momentos que antecipavam os combates. Todos deliravam com
esses momentos de luxúria e prazer, mas hoje era irrelevante tudo isso. E nem quando o
gongo soou e o trilefante se lançou sobre o pequeno Sandokas este pareceu acordar.

Resistir e sonhar.

O seu tentáculo, protegido por milhares de pequenas malhas de tungesténio,
lança-se para esmagar. Sandokas não se mexe mas a tromba acaba por não lhe acertar.
Furioso e recobrando o balanço numa troca rápida de pés o trilefanta salta como um parafuso
no ar. O pequeno peixe não pode escapar. Todos fingem tapar os olhos enquanto por entre as
maos continuam a espreitar.

Resistir para quê se posso já ganhar?

As escamas de Sandokas brilham por momentos, num movimento de baixo para cima circular.
O tempo parece parar. E o peixe toca ao de leve com a sua barbatana na testa do
adversário enquanto este ainda está a pairar.

Quando o corpo do adversário toca no chão já o pequeno peixe está a bazar. Já não está a
respirar. Enquanto a multidão recupera do choque já o estão a reanimar.

Sandokas na arena preta, será que vai conseguir entrar?

sandokas

Mensagens : 18
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Mensagem  sandokas Seg Nov 23, 2009 9:07 pm

Area Azul

10 ... 9 ... 8 ...

Sandokas o peixe usa as suas barbatanas bicolores para desprender os suspensórios que ainda o ligavam à plataforma de embarque. Nada agora o separava do espaço sideral, e os computadores sabiam isso. Tanto é assim que os motores já estavam a trabalhar na sua máxima potência. A escotilha do caça ligeiro FGB-5730 descia lentamente. Tão lentamente que parecia que não iria selar a tempo de passar na ranhura do portão que marcava o final da pista número 23A do cais de descolagem.

6 ... 5 ... 4 ...

"Isto de não ter suspensórios é complicado. Imaginemos que tenho de me levantar de repente, lá se vão as calças..." - no entanto por mais que matutasse não conseguia encontrar uma ocasião em que tivesse de se levantar do cockpit.

.. 2, 1, 0

A acelaração súbita cola o frágil corpo de um peixe fora de água ao acolchoado forrado a imitação de pele do brinquedo em ponto grande. Num instante a escuridão era total. A ausência de gravidade que se fazia sentir agora contrastava com a força monstruosa de 10G que se sentia um milisegundo atrás.

Os motores hidráulicos na retaguarda fizeram-se ouvir e a chave de fendas que algum mecânico tinha deixado perdida desde a última reparação voltava à sua posição inerte numa qualquer saliência escondida às barbatanas do nosso herói. A gravidade era pois reposta artificialmente por um qualquer intrincado mecanismo que mesmo que o soubesse, seria demasiado complexo de explicar numa pequena história de treino.

O humano em forma de sardinha baixa a viseira com um gesto de hábito. Farto estava ele de treinar em cockpits semelhantes desde os 12 anos de idade, no entanto este era o momento em que tinha um caça verdadeiro só para si, e aqui residiria toda a diferença que lhe permitiria, ou não, entrar para essa elite que eram os pilotos de combate divisão arena azul.

***

Qual é o maior boss final de todos os tempos? *

O King kong? O Alberto João? Por muito grandes que fossem nada o preparava para aquilo que iria encontrar a seguir. Um monstro da altura das torres das amoreiras quando foram construídas (agora parecem mais pequenas com tantos prédios ao lado) cheio de canhões plasma e gauss por todos os lados (deviam estar prali uns valentes milhares de pontos).

Sandokas baixa a viseira dourada do capacete e uma incrível quantidade de luz invade-lhe a visão. Cada pontinho, que saltava no ecrã, eram números, miras e informação preciosa sobre o adversário. Os seus olhos quase habituados a filtrar aquilo tudo praticamente já não ligavam às corzinhas que piscavam e aos números negativos de rolavam no sentido horizontal ou vertical do ecrã. Efectuando uma das suas pré-programadas complexas manobras de evasão preferidas a que gostava de chamar "a rosca", e carregando em todos os gatilhos ao mesmo tempo, ia destruindo alvos à velocidade da luz. 10, 50, 100...

BUM...

Com um estrondo a asa esquerda da sua frágil nave rebentara e juntava-se agora aos destroços dos seus mísseis. Dos 1437 tiros disparados, 1436 tinham sido absorvidos pelo escudo da gigantesta nave computadorizada que servia de teste à sua passagem. O computador de bordo tinha ido ao ar bem como o sistema de suporte de vida, e o ecra do seu visor apresentava uma mensagem elucidativa do que se estava a passar: letras a branco sobre ecrã azul - "System Failure, please contact your system administrator".

Alguém tinha sabotado o seu teste. Este não era um adversário difícil. Este era um adversário impossível. Enquanto a sua mente vasculhava em suas memórias à procura de um seu inimigo que lhe quisesse fazer mal, o seu sentido prático decifrava a informação do campo de batalha à procura de um meio de salvar a pele. Esqueçam a academia, a carreira. Agora ele já percebia porque lhe chamavam o blue screen of death. Era altura de salvar a pele.

O campo de batalha apresentava-se simples de um modo que apenas o caos sabe apresentar. Por todo o lado um campo electromagnético criado pelos disparos proporcionava uma tempestade de electrões localizada. O espaço, normalmente é caracterizado pela ausência de luz, apresentava-se agora azul bordô, com uma faísca ocasional revelando a tremenda electricidade que pairava no ar. Quanto a algo inteiro, nada à vista, tirando tudo aquilo que estava para lá do escudo da nave pilotada pelo sistema de navegação artificial e uma sonda.

A nave inimiga neste momento carregava as suas armas ao máximo. As escamas de Sandokas tocam num botão que diz: boost, mas nada funciona. Todos os menus perderam a sua côr. Os ecrãs estavam azuis ou pretos, o que não era bom sinal. As suas guelras espaciais começavam a ter dificuldade em respirar. Era nestes momentos que o peixinho fora de agua desejava ter ido para a divisão aerotransportada que usava sistemas operativos de software livre.

A assistência na nave mãe assistia horrorizada. Mãos e caras coladas ao vidro, algum deles deveria estar a sorrir.

O botão sondas piscava: enviar sonda, digitar quantidade. Sandokas pressiona 1. Delay 3. 10%. Enviar.
Salta da cabine, ata-se com uma fita espacial à sonda. Conta até três. O computador inimigo dispara...

Parece estar a tomar-lhe o gosto. Agora a aceleração faz com que perca os sentidos momentaneamente. Quando recupera a sonda passa rés-vés ao convés do gigantesco boss final. Parece que resultou pensa para si próprio - Como eu pensava a nave mãe está programada para ignorar sondas espaciais. A chave de fendas durante a rosca deve ter-se soltado e carregado no botão largar sonda por engano. Isso permitiu-me perceber que este poderia ser o meu meio de salvação.

Agora, numa cena plagiada de um filme qualquer, com uma barbatana segurando o seu sabre de luz Sandokas corta o casco da nave inimiga, com a outra coloca um explosivo caseiro que sua mãe tinha insistido que levasse no bolso. Quando segundos mais tarde é teleportado para a nave-mãe, uma multidão carrega-o em ombros. Não foi um grande feito, a sua carreira ainda agora começou. Mas poderia já ter terminado... Os seus pensamentos não recaiem sobre o desconhecido que agora amua. Ele pensa em sua mãe e acena em boxers à multidão...

sandokas

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